No mundo corporativo é muito comum falarmos sobre a importância de se fazer networking, pois isso eleva a possibilidade de parcerias estratégicas para fechar novos negócios, ter acesso a oportunidades de trabalho e obter crescimento profissional.
Diante dessa necessidade, as pessoas buscam se conectar umas com as outras, seja no meio digital, em eventos presenciais e no seu ambiente de trabalho. Esse posicionamento intencional é o primeiro passo para que essas pessoas obtenham resultados após o investimento de tempo e recursos financeiros.
O networking funciona muito bem quando encontramos pessoas com interesses em comum e nos relacionamos de forma genuína. No entanto, muitos cometem o erro de tratar essas relações de forma superficial, como um vendedor que vê um cifrão na testa do cliente e quer vender a todo custo. Isso pode resultar na percepção de que são pessoas superficiais ou meramente transacionais.
Não à toa, hoje não vemos mais vendedores puxando pelo braço clientes quando entram nas lojas, pelo contrário, no máximo se apresentam e se colocam à disposição. Este ato permite que o cliente possa analisar o produto, ao mesmo tempo que se ambienta com a loja e assim começa a criar relação com o vendedor ao perguntar somente o que lhe interessa. Essa mudança se deu pela consciência de que as relações importam, e pessoas compram de pessoas que confiam.
E como criamos confiança? Através de relacionamento e do princípio da honra, que consiste em três pilares:
Reconhecer
Não se trata apenas de reconhecer títulos ou posições, mas também a importância da pessoa como indivíduo, seu caráter e sua contribuição para o meio em que está inserido. Exemplo Bíblico: Em Gênesis 1:27 afirma que Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança. Isso significa que cada pessoa tem o seu valor intrínseco.
Respeitar
Respeito mútuo em todas as interações humanas, com empatia e compaixão. Significa tratar as pessoas com a mesma consideração e cuidado que você deseja para si mesmo. Exemplo Bíblico: em Lucas 6:31, Jesus ensina: “Como vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles.”
Valorizar
Quando falamos de liderança e valorização de pessoas, não significa somente promoções, mas também reconhecimento do valor do indivíduo para a organização, projeto ou objetivo. Exemplo Bíblico: em Mateus 16:18 Jesus revelou a Pedro, que até então se chamava Simão, a sua importância para o ministério: “E eu digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la.“
Este princípio é muitas vezes praticado para ação com quem está acima, um diretor, uma CEO. Mas quando identificamos esses conceitos na Bíblia, podemos afirmar que honrar deve ser um ato genuíno para quem está acima, em nível igual e abaixo.
Quando recorremos à Bíblia para entender esse princípio, nos deparamos com a última ceia que ilustra perfeitamente como devemos agir.
Então Jesus reuniu os seus discípulos para se alimentarem. Na época, a mesa era bem baixa e eles se sentavam no chão, então os pés ficavam próximos da mesa e por isso lavavam antes de se assentar. Para entender o contexto desse episódio, o local em que estavam foi cedido por outra pessoa, ou seja, não havia empregados para lavar os pés, o que era comum nesse período. E quem lavava os pés era o menor dos empregados, o menos relevante.
Em uma pregação do pastor Douglas Gonçalves chamada “Como viver a cultura da honra”, aprendi que essa cena também trouxe um outro aspecto: os discípulos estavam questionando quem era o maior entre eles, e quando notamos o porquê de fazerem isso em meio a indefinição sobre quem irá lavar os pés, entendemos que a real intenção não era saber quem era o mais importante, mas sim quem era o menos importante para designá-lo a lavar os pés. Então a natureza do comportamento humano é rebaixar alguém para não precisar se desenvolver, apenas rebaixar o outro através da desonra.Então Jesus se levanta, tira a sua capa, coloca uma toalha em volta da cintura, começa a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha que estava em sua cintura.
“Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e com razão, pois eu o sou. Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei os seus pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz. Digo verdadeiramente que nenhum escravo é maior do que o seu senhor, como também nenhum mensageiro é maior do que aquele que o enviou. Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem.” (João 13: 13-17)
Jesus sabia quem era e um ato como o de lavar os pés, exercido pelo menor escravo, não mudaria quem Ele era. Quando falamos de honrar o próximo, a dificuldade está na própria pessoa que possui insegurança sobre quem ela é. E assim, ela deixa de praticar o ato de servir para dar o exemplo, para criar relações genuínas.
Esse princípio é tão importante que o próprio Deus promete honra àqueles que o honram. Em 1 Samuel 2:30, Deus diz: “Aos que me honram, honrarei, mas os que me desprezam serão desprezados.” Isso reflete a ideia de que a honra é um valor fundamental para um relacionamento correto com Deus e com o próximo.
Portanto, devemos nos preocupar primeiro em olhar para dentro de nós e compreender como enxergamos o próximo, quais são as reais intenções do nosso coração, para depois buscar criar relações verdadeiras, gerar valor ao futuro parceiro, para depois, quem sabe, obter resultados para si.
