Os chefes ainda existem?

Os chefes ainda existem?

O tema “liderança” só existe por conta da consciência coletiva de um personagem: o chefe!

Ao relembrarmos como os chefes agiam nas décadas passadas, a cena que vem à mente de muitos é essa:

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Era muito comum essa cena acontecer nos corredores e salas das organizações, pois o conceito de liderança estava diretamente relacionado à figura do chefe: uma pessoa em posição hierárquica superior, responsável por direcionar e controlar subordinados. Esse modelo era amplamente aceito e reforçado pela cultura organizacional durante a Revolução Industrial e ao longo do século XX. Nesse cenário, o chefe era visto como o detentor de conhecimento, experiência e poder.

Ele mandava, e tinham que obedecer, pois manda quem pode e obedece quem tem juízo.

No entanto, com a chegada do século XXI, o conceito de liderança passou por uma transformação significativa. A globalização, a democratização da informação, a tecnologia e o surgimento de novas gerações no mercado de trabalho trouxeram consigo novas expectativas em relação às dinâmicas de liderança. O líder teoricamente deixou de ser necessariamente a figura de comando que impõe ordens e passou a ser visto como alguém que facilita processos, inspira e conduz times de forma colaborativa.

O conceito de “chefe” ficou, para muitos, ultrapassado, mas as pesquisas não demonstram isso:

Uma pesquisa da Michael Page mostrou que 8 em cada 10 funcionários pedem demissão por causa de seus chefes.

Outra pesquisa da FlexJobs afirma que 87% das pessoas já trabalharam para um chefe tóxico. Dentre essas, 51% relataram aumento nos níveis de ansiedade, 44% sofreram com fadiga mental, 32% experimentaram maiores níveis de depressão e 24% tiveram redução no desempenho e na produtividade

O estudo do The Workforce Institute at UKG monstra que 69% das pessoas acreditam que seu chefe tem maior impacto em sua saúde mental do que seu médico ou terapeuta.

As pesquisas demonstram que a existência do chefe prevalece em pleno século XXI, e, como tudo na vida, os chefes também evoluíram, sem perder a sua essência. Hoje não verbalizam “Eu mando e você obedece”, mas nos bastidores das empresas dificultam o diálogo com os liderados, fingem escutar suas ideias, mas no final as suas é que vão pra frente. Quando algum objetivo não é alcançado, a culpa é do liderado por acatar somente ordens e não propor nada além do que foi pedido. Quando um objetivo é alcançado, tudo só foi possível porque o chefe existe e, sem ele, não seria possível.

Esse comportamento do chefe no século XXI só existe e é aceito porque ainda existem muitos chefes que contratam chefes. Nenhum líder suporta trabalhar com um chefe, logo, não contrata chefes.

Quando olhamos para a Bíblia, temos a história do primeiro rei de Israel, chamado Saul. Ele foi escolhido por Deus para reinar, mas sua vaidade e seu orgulho fizeram com que Deus declarasse que ele não seria mais rei. Na sequência, selecionou um menino chamado Davi, até então rejeitado por sua família, pastor de ovelhas que após Deus entrar em sua vida, venceu grandes batalhas, como o enfrentamento de animais selvagens que tentaram matar suas ovelhas (urso e leão), um gigante do exército rival que zombava de todo o exército Hebreu e somente Davi teve coragem de matá-lo, e como benefício, casou com a filha do rei Saul e recebeu todas as regalias de um genro do rei, uma delas foi se tornar general.

Em 1 Samuel 18:5, está escrito:

Saul deu-lhe uma posição elevada no exército, e isso agradou a todo o povo, bem como aos oficiais de Saul.

Saul, por sua vez, ficou com ciúmes de Davi após ver que o povo o admirava, e passou a persegui-lo, demonstrando um comportamento inseguro, possessivo e controlador. Em 1 Samuel 24, Saul estava perseguindo Davi e seus homens. Durante essa perseguição, Saul entrou em uma caverna para descansar, sem saber que Davi e seus homens estavam escondidos lá. Os homens de Davi o incentivaram a aproveitar a chance para matar Saul, mas Davi recusou, dizendo:

O Senhor me guarde de fazer tal coisa ao meu senhor, de levantar a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor.” (1 Samuel 24:6).

Em outra oportunidade, em 1 Samuel 26, quando Davi e Abisai invadiram o acampamento de Saul durante a noite. Eles encontraram Saul dormindo, e Abisai sugeriu que matassem o rei com uma única lança, mas, mais uma vez, Davi recusou. Ele disse:

Não o mates. Quem pode levantar a mão contra o ungido do Senhor e permanecer inocente?” (1 Samuel 26:9).

Tempos depois, Saul vai com seus filhos para uma batalha e ele e seus filhos morrem. Na sequência, Davi se torna rei e sua liderança foi diferente, pois, embora também fosse um rei com poder, ele liderava com o coração voltado para Deus. Seu reinado foi marcado por grandes conquistas, onde trouxe estabilidade, prosperidade e expansão territorial ao reino de Israel.

O que aprendemos é que, ao ter oportunidade, Davi fez diferente e não agiu como o seu “chefe”. Teve a chance de matá-lo e, mesmo sabendo que ele o perseguia em busca da execução de sua vida, resolveu agir diferente e não com as próprias mãos.

Em razão da sua postura, muitas pessoas permaneceram leais a ele. Diversos guerreiros e seguidores, conhecidos como os “valentes de Davi”, se uniram a ele enquanto ele fugia de Saul. Além disso, várias tribos de Israel o apoiaram secretamente, mostrando que ele mantinha o carinho do povo mesmo em tempos difíceis. Quando se tornou rei, foi aceito em todas as tribos de Israel.

Logo após o reinado de Davi, seu filho Salomão assumiu o reinado e foi a pessoa com maior prosperidade em sabedoria e recursos financeiros.

Por escolher agir diferente, Davi mudou o rumo de uma nação. É por isso que jovens que buscam espaço e oportunidades no mercado de trabalho não devem se contentar com as referências ruins, para que no futuro não façam parte de pesquisas que apontem que ele não fez diferença.

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